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Quando a Apple anunciou sua própria plataforma para videochamadas FaceTime no lançamento do iPhone 4, certamente não fui o único cético. O bate-papo por vídeo só pode ser acessado por meio de uma conexão Wi-Fi e só pode ser feito nos iPhone e iPod touch mais recentes até o momento. A Apple considera isso um marco nas videochamadas, mas não é mais um “marco”? Aqui está uma pequena reflexão sobre o assunto de videochamadas - não apenas no iPhone.

FaceTime ingênuo

Apresentar uma alternativa a qualquer serviço bem estabelecido é muitas vezes uma aposta de loteria e, em muitos casos, termina em fracasso. Com o FaceTime, a Apple está tentando criar um híbrido entre videochamadas clássicas e chat de vídeo. No primeiro caso, é um serviço minimamente utilizado. Quase todos os novos celulares possuem uma câmera frontal e, honestamente, quantos de vocês já a usaram para fazer uma videochamada? O segundo caso faz mais sentido. Um vídeo gratuito certamente atrairá mais pessoas do que se tivessem que pagar a mais por ele, mas existem duas limitações principais:

  • 1) Wi-Fi
  • 2) Plataforma.

Se quisermos usar o FaceTime, não podemos prescindir de uma conexão WiFi. No momento da chamada, ambas as partes devem estar conectadas à rede sem fio, caso contrário a chamada não poderá ser realizada. Mas isso é quase uma utopia hoje em dia. Os americanos, que têm pontos de acesso WiFi em todos os cantos das grandes cidades, podem não estar limitados por esta restrição, mas ela deixa a nós, os habitantes do resto do mundo não tão tecnológico, uma pequena chance de nos conectarmos com a pessoa em questão. no exato momento em que ambos estamos em WiFi. Isto é, a menos que ambos sejamos especiais com um roteador conectado.

Se você se lembrar de alguns comerciais do FaceTime da Apple, talvez se lembre da foto de um médico fazendo um ultrassom em uma futura mamãe, e a outra parte, um amigo ao telefone, tem a oportunidade de ver seu futuro filho no o monitor. Agora lembre-se da última vez que você se conectou ao WiFi no consultório do seu médico. Você não se lembra? Tente "nunca". E como sabemos – sem WiFi, sem FaceTime. O segundo ponto exclui praticamente por completo o uso do FaceTime. As videochamadas só podem ser feitas entre dispositivos iPhone 4 – iPod touch 4G – Mac – iPad 2 (pelo menos esta possibilidade é assumida). Agora calcule quantos de seus amigos/conhecidos/parentes possuem um desses dispositivos e com quem você gostaria de fazer uma videochamada. Não são muitos? E honestamente, você está surpreso?

Skype dominante

Do outro lado da barricada está um serviço utilizado por milhões de pessoas em todo o mundo todos os dias. Durante sua existência, o Skype se tornou uma espécie de sinônimo e padrão para chat de vídeo. Graças à lista dinâmica de contatos, você pode ver imediatamente para quem pode ligar, para que não precise se preocupar se a pessoa em questão está realmente conectada à rede sem fio. Outra grande vantagem é que o Skype é multiplataforma. Você pode encontrá-lo em todos os três sistemas operacionais (Windows/Mac/Linux) e lentamente em todas as plataformas móveis de smartphones.

Não faz muito tempo que o Skype disponibilizou videochamadas para usuários do iPhone no iPhone 4 usando a câmera frontal (e, portanto, traseira) do telefone Apple. Isso pode ter colocado o último prego no caixão do FaceTime. Dá aos usuários uma escolha: usar um serviço comprovado que eu e meus amigos usamos ou se aventurar nas águas desconhecidas das pseudochamadas de vídeo em um protocolo que praticamente ninguém usa? Qual será a sua escolha? O FaceTime não tem nada a oferecer em relação ao Skype, enquanto o Skype oferece tudo o que o FaceTime faz e muito mais.

Além disso, a sociologia também registra a solução Skype. As pessoas que usam o bate-papo por vídeo de alguma forma o separam das chamadas telefônicas. Falar ao telefone tornou-se uma rotina normal para nós, algo que fazemos com o aparelho preso ao ouvido, mas ainda podemos fazer muitas outras coisas – caminhar, passar roupa, dirigir (mas Jablíčkář não é responsável pela perda de pontos de condução). Por outro lado, o chat por vídeo é uma espécie de símbolo de paz. Aquilo que a gente senta em casa, deita e sabe que dentro de um minuto não chegaremos ao metrô. A ideia de andar na rua com a mão estendida segurando um telefone apontado para que a outra parte possa pelo menos ver nosso rosto é bastante cômica e só beneficiará pequenos ladrões de rua. É exatamente por isso que é improvável que as videochamadas se tornem um método comum de comunicação móvel tão cedo. Como argumento final, afirmo que o vídeo via Skype também pode ser transmitido através de uma rede móvel 3G.

Resta pronunciar o ortel final e coroar o vencedor. Porém, é possível falar em vencedor quando praticamente não houve luta? A Internet e o mundo da tecnologia estão repletos de projetos ambiciosos, alguns dos quais são bem-sucedidos e muitos outros não. Lembremos, por exemplo, um projeto mais antigo da Apple - OpenDoc ou do Google – Onda a Zumbido. Este último deveria ter sido, por exemplo, uma alternativa à rede estabelecida do Twitter. E que Buzz ele era. É por isso que temo que mais cedo ou mais tarde o FaceTime acabe no abismo digital da história, seguido por outro experimento social da Apple chamado Ping.

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