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No ano passado, começaram a se espalhar relatos de que a Apple estava planejando mudar seus computadores da arquitetura X86 para a arquitetura ARM. Muitos aderiram à ideia e começaram a vê-la como um passo na direção certa. A ideia de um Mac com processador ARM me fez revirar os olhos. É finalmente necessário refutar este absurdo com argumentos factuais.

Existem basicamente três razões para usar ARM:

  1. Resfriamento passivo
  2. Menor consumo
  3. Controle sobre a produção de chips

Vamos levar isso em ordem. O resfriamento passivo certamente seria uma coisa boa. Basta iniciar um vídeo em flash no MacBook e o laptop iniciará um show inédito, principalmente o Air tem ventiladores muito barulhentos. A Apple resolve parcialmente esse problema. Para o MacBook Pro com Retina, ele usou duas ventoinhas assimétricas que reduzem o ruído com diferentes comprimentos de lâmina. Está longe de ser igual ao resfriamento passivo do iPad, mas por outro lado, não é um problema tão grande que seria necessário resolvê-lo radicalmente mudando para ARM. Outras tecnologias também estão em desenvolvimento, como a redução de ruído por meio de ondas sonoras reversas.

Provavelmente o argumento mais forte é o baixo consumo de energia, portanto, melhor duração da bateria. Até agora, a Apple oferecia no máximo 7 horas para MacBooks, o que os tornava um dos mais duráveis ​​entre os concorrentes, por outro lado, a autonomia de dez horas do iPad era definitivamente mais atrativa. Mas tudo isso mudou com a geração dos processadores Haswell e do OS X Mavericks. Os atuais MacBook Airs oferecerão uma autonomia real de cerca de 12 horas, ainda no OS X 10.8, enquanto os Mavericks deverão trazer economias ainda mais significativas. Aqueles que experimentaram a versão beta relatam que a duração da bateria aumentou em até duas horas. Portanto, se o MacBook Air de 13″ pudesse durar 14 horas sob carga normal sem problemas, seria suficiente para quase dois dias úteis. Então, de que adiantaria um ARM menos poderoso se perdesse uma das vantagens que tinha sobre os chips Intel?

[do action=”quote”]Qual seria uma razão razoável para colocar chips ARM em desktops quando todas as vantagens da arquitetura só fazem sentido em laptops?[/do]

O terceiro argumento diz então que a Apple ganharia o controle sobre a produção de chips. Ele tentou essa jornada na década de 90 e, como todos sabemos, o resultado foi infame. Atualmente, a empresa projeta seus próprios chipsets ARM, embora terceiros (principalmente a Samsung no momento) os fabriquem para ela. Para Macs, a Apple depende da oferta da Intel e praticamente não tem vantagem sobre outros fabricantes, exceto que os processadores mais recentes estão disponíveis antes de seus concorrentes.

Mas a Apple já está vários passos à frente. Sua principal receita não vem da venda de MacBooks e iMacs, mas de iPhones e iPads. Embora é o mais lucrativo entre os fabricantes de computadores, o segmento de desktops e notebooks está estagnado em favor dos dispositivos móveis. Por ter mais controle sobre os processadores, o esforço de mudar a arquitetura não valeria a pena.

No entanto, o que muitos ignoram são os problemas que acompanhariam uma mudança na arquitetura. A Apple já mudou de arquitetura duas vezes nos últimos 20 anos (Motorola > PowerPC e PowerPC > Intel) e certamente não foi isento de dificuldades e polêmicas. Para aproveitar o desempenho oferecido pelos chips Intel, os desenvolvedores tiveram que reescrever seus aplicativos desde o início, e o OS X teve que incluir o tradutor binário Rosetta para compatibilidade com versões anteriores. Portar o OS X para ARM seria um grande desafio por si só (embora a Apple já tenha conseguido parte disso com o desenvolvimento do iOS), e a ideia de todos os desenvolvedores terem que reescrever seus aplicativos para rodar em um ARM menos poderoso é bastante assustadora.

A Microsoft tentou a mesma coisa com o Windows RT. E como ele se saiu? Há um interesse mínimo em RT, tanto por parte de clientes, fabricantes de hardware e desenvolvedores. Um ótimo exemplo prático de por que um sistema desktop simplesmente não pertence ao ARM. Outro argumento contra é o novo Mac Pro. Você consegue imaginar a Apple obtendo desempenho semelhante em uma arquitetura ARM? E de qualquer forma, que bom motivo haveria para colocar chips ARM em desktops quando todas as vantagens da arquitetura só fazem sentido em laptops?

De qualquer forma, a Apple está claramente dividida: computadores desktop e laptops possuem um sistema operacional desktop baseado na arquitetura x86, enquanto os dispositivos móveis possuem um sistema operacional móvel baseado em ARM. Como a história recente tem demonstrado, encontrar compromissos entre estes dois mundos não tem sucesso (Microsoft Surface). Portanto, vamos enterrar de uma vez por todas a ideia de que a Apple mudará da Intel para a ARM num futuro próximo.

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